- Caceeeeeeete! – foi o
que um tiozinho gritou ao ver um menino tropeçar, tentar se
manter em pé, mas não conseguir e cair de cabeça no chão.
Click!
Esse foi o barulho ouvido
pela mente do menino segundos antes de um enorme estrondo feito pela calota
craniana que explodia no chão.
- O garoto caiu. –
constatou uma mulher que passava pela rua.
A primeira etapa depois da queda foi
composta por alguns segundos desacordado; a segunda por uma grande tonteira
que deu lugar a uma grande dor na cabeça, fazendo o jovem gritar. Com o grito
ele conseguiu eliminar uma pequena porcentagem da dor, mas não o suficiente
para fazê-lo conseguir ficar em pé e segurar a primeira lágrima.
Aquele tiozinho que viu o jovem cair, logo chegou e perguntou: Você está bem? Meu rapaz, qual é seu nome?
Com os olhos arregalados a
procura de uma resposta o menino só conseguiu responder: 021.
Ao ouvir a resposta do
garoto, o coroa não conseguiu segurar o riso e disse: Porra moleque, você ainda
está variando das ideias? Tudo bem 021. O SAMU está chegando. Segura as
pontas aí e não enlouqueça mais.
Poucos minutos depois a ambulância
chegou e o senhor foi com o jovem para o hospital. Lá, todos os exames foram feitos e o menino foi liberado. Nada de grave foi diagnosticado. O que havia era alguns pontos, um
galo na testa e os ouvidos apitavando.
Ao sair do quarto o
senhor ainda estava esperando o 021.
- Eai moleque, você está bem?
- Sim. Ainda meio
tonto, mas bem.
- Uma cerveja?
- Eu estou todo fudido e você me chama para beber?
- Seria interessante. Porque iria eliminar a dor por um tempo e, além disso, eu vou poder dar umas boas risadas
quando te contar como você caiu.
- Realmente eu não lembro como foi.
- Ah, mas eu lembro, se
lembro. Vamos?
- Fechado.
Alguns quarteirões à frente havia um boteco. 021 nunca havia visto aquele bar, sempre passava pela região,
todavia, não havia reparado no lugar.
- Me amarrei nesse lugar.
Parece um bar boêmio dos anos 30. - disse o menino ao entrar.
- E é meu jovem.
Jovens... Vocês não sabem o que é bom. - respondeu o senhor.
Conversa vai e conversa vem;
cerveja vai, cerveja vem e o papo rola solto. A rapaziada da velha guarda que ia chegando para tomar uma cerveja foi apresentada ao 021. O coroa falava também como eles se conheceram. O resultado eram inúmeras gargalhadas de todos.
- Porra 021, quer dizer
que você está cheio de pontos na cara por causa de uma mulher que nem parou
para te socorrer? Esses jovens, não sabem nem mais paquerar, tão pouco quebram a cara por um motivo justo e honesto. Foi olhar para a gatinha
e meteu os "corno" no chão? Aí não né? – disse um amigo do senhor que
o socorreu.
O menino ficou ali
parado. Sentia-se o loiro louco de "Meia noite em Paris". Estava rodeado
de homens e mulheres que já viveram o bastante e chegaram a conclusão de que "o
ideal é sempre estar sorrindo; se o 'ideal' não rolar, então ver sempre pelo lado bom, vale a pena".
E foi isso que o 021 fez. Analisou o momento e chegou a seguinte conclusão: Tinha alguns pontos na cabeça – E daí? -, uma enorme dor se foi, estava
proseando com uma galera gente fina e ainda tinha descoberto um novo point.
Ao sair do bar, 021 percebeu que o "click" feito dentro da sua mente antes de cair, se assemelhava ao ruído de uma chave abrindo uma porta.
Agora seu status era
"vivendo numa boa", ele abriu um novo caminho.
No walkman toca
"Milionário do sonho", recitado por Emicida e Elisa Lucinda, em
"O glorioso retorno de quem nunca esteve aqui".